EDUCAÇÃO PARA A DEMOCRACIA SEGUNDO MARTHA NUSSBAUM

Resumo

Em de fragilização da democracia no Brasil e ao redor do mundo, este trabalho teve como objetivo explorar a filosofia da educação de Martha Nussbaum, a fim de mapear os elementos de uma educação capaz de formar pessoas comprometidas e preparadas para a democracia. O método de execução deste projeto foi a pesquisa bibliográfica, de modo que os estudos incidiram-se sobre as seguintes obras de Nussbaum: Cultivating Humanity: A Classical Defense of Reform in Liberal Education (1997), Women and Human Development (2000), Upheavals of Thought: The Intelligence of Emotions (2001), Sem fins lucrativos: por que a democracia precisa das humanidades (2015), além disso, estudamos o livro Leituras sobre Martha Nussbaum e a Educação (2021) de Altair Alberto Fávero, Carina Tonieto (org.). A pesquisa demonstrou uma forte ligação entre a filosofia política da autora e sua filosofia da educação voltada para a democracia. Sua filosofia política caracteriza-se por apontar parâmetros (o enfoque das capacidades, capabilities) de justiça social baseados no desenvolvimento humano de forma ampla, e não apenas a partir de indicadores econômicos. Verificamos que a educação não consta apenas como um ponto de capacitação, mas, na medida em que é uma força de desenvolvimento de forma abrangente, a educação se faz como medium de justiça social e do fortalecimento da democracia, Assim, neste trabalho, conectamos o enfoque das capacidades de Martha Nussbaum com os elementos que ela aponta para uma educação para a democracia. Dentre os elementos que uma educação para democracia deve ter, destacam-se a imaginação narrativa, as artes, as humanidades juntamente com o pensamento crítico e argumentação, estudo de outras culturas, estudo dos grupos de minoria social, a compreensão da história da humanidade, da história política e econômica. Dentre os elementos que devem ser tratados pela educação, destacamos as emoções que são muito fortes desde a infância (narcisismo infantil, vergonha primitiva e nojo projetivo) e que servem de base para impulsos autoritários. Os elementos curriculares citados visam ao desenvolvimento de saberes e habilidades capazes de aplacar os impulsos autoritários e potencializar práticas democráticas. Nessa teoria educacional, a importância das humanidades é reabilitada e destacada, pois, pelo que exige dos seus cidadãos, a democracia não pode prescindir delas, devido ao seu potencial de desenvolver, de forma indissociável, as dimensões emocionais e intelectuais das pessoas.