REPRESENTATIVIDADE FEMININA NO CENÁRIO MUSICAL GOIANO: ARRANJOS E (DES)COMPASSOS

Autores

  • Alana Barbosa
  • Emilly Santos
  • James Freitas

Palavras-chave:

Música, Identidades de gênero, Epistemologias feministas

Resumo

Este trabalho tem como objetivo discutir a representatividade feminina no cenário musical goiano, sobretudo no que diz respeito à composição de bandas, orquestras e corpo docente dos espaços de formação acadêmico-profissional em música. O interesse por essa investigação está ligado ao papel significativo da música na experiência humana e, paradoxalmente, a associação de estereótipos de gênero com habilidades musicais, constituindo um fenômeno complexo e multifacetado, cujas bases sócio-histórico-culturais reiteram a “história única” (ADICHIE, 2019) de que a profissionalização musical seja, ou deva ser, predominantemente masculina. Sob essa perspectiva, o estudo insere a categoria gênero no âmbito da reflexão teórica, possibilitando uma visão amplificada das concepções e dissonâncias que incidem sobre a produção de desigualdades entre os sujeitos que compõem, produzem e performam música. Nesse sentido, delineia-se um panorama teórico das relações entre gênero e atuação musical, a partir de autoras como Scott (1995), Tanaka (2018) e, mais especificamente, sobre as reflexões acerca das orquestras goianas e as questões feministas, como se lê em Souza e Alcântara_Jr (2021).  A partir desse embasamento, realiza-se uma apurada pesquisa focalizada na composição e atuação de mulheres em agremiações musicais públicas, como bandas de corporações militares, orquestras sinfônicas de estruturação juvenil e adulta e nas duas principais instituições de formação profissional e acadêmica do Estado de Goiás. Essa incursão deu mostras de alguns avanços, porém o que se destaca é a permanência de uma condição hierarquizada, quando não invisibilizada, no que tange à participação feminina na cena musical. Os dados coletados preconizam a necessidade de enfrentamento de alguns desafios, como a sub-representação feminina em posições de liderança e regência musical, bem como na execução de determinados instrumentos. Por outro lado, iniciativas que fomentem a educação musical e a formação de grupos de mulheres musicistas podem colaborar com a ruptura de preconceitos e exclusões. Com isso, defende-se a pesquisa feminista como uma ferramenta importante para instigar a efetivação de espaços musicais que, ao garantirem a presença e o reconhecimento das mulheres, amplifiquem a diversidade e a equidade.

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Publicado

2025-07-11