EXPLORANDO A MEMÓRIA E A IDENTIDADE: CENTRO CULTURAL MARTIM CERERÊ E A DITADURA MILITAR

Autores

  • Kaliagna Azevedo
  • Dianina Rabelo

Palavras-chave:

Memória, Identidade, Martim Cererê

Resumo

Este projeto de iniciação científica tem como objetivo investigar o potencial da oralidade e memória no processo ressignificação do Centro Cultural Martim Cererê, localizado em Goiânia, durante a Ditadura Militar no Brasil foi um espaço associado à opressão e, posteriormente, transformado em um local de expressão cultural. O estudo parte da compreensão de que a memória, tanto coletiva quanto individual, é essencial na construção da identidade de indivíduos e comunidades, e que a oralidade desempenha um papel fundamental na preservação e transmissão de narrativas históricas. Nesta perspectiva, busca-se evidenciar como esses elementos contribuem para a transformação de espaços marcados por traumas e repressão em ambientes de produção cultural e resistência. A metodologia adotada para este estudo incluiu revisão bibliográfica e análise documental, por meio de memórias transcritas sobre a importância histórica e cultural do Centro Cultural Martim Cererê. O levantamento teórico teve como base autores como Maurice Halbwachs e Paul Ricoeur, que abordam a memória como um fenômeno social e a sua importância na construção da identidade coletiva. Além disso, foram considerados depoimentos de artistas, produtores e frequentadores do espaço, os quais reforçam a relevância da oralidade na preservação de memórias que, muitas vezes, não estão presentes nas narrativas oficiais. Um dos principais conceitos explorados nesta pesquisa é o de "patrimônio sensível", que se refere a locais marcados por eventos traumáticos, como violações dos direitos humanos, violência política ou repressão. O Centro Cultural Martim Cererê, por ter sido um local ligado à repressão durante a Ditadura Militar, pode ser considerado um exemplo de patrimônio sensível. No entanto, a sua ressignificação ao longo dos anos, transformando-se em um ponto de encontro para diversas manifestações culturais, demonstra como a memória pode ser resgatada e reinterpretada para promover a justiça social e a inclusão. Os resultados da pesquisa indicam que a ressignificação simbólica do Centro Cultural Martim Cererê, baseada no resgate de memórias marginalizadas, permitiu que o espaço adquirisse um novo significado, se tornando não apenas um centro cultural, mas também um símbolo de resistência e reconciliação histórica. A valorização das narrativas orais, muitas vezes ignoradas pela história oficial, mostrou-se fundamental para a construção de uma identidade coletiva, inclusiva da história local, entretanto a partir dos depoimentos foi visto que apesar de não estarem diretamente ligados com o espaço cultual, ainda assim possuem carga traumática sobre a Ditadura, marcada não apenas pelos traumas do passado, mas pela capacidade de superação e pela criação de novos significados. Portanto, a valorização da oralidade e da memória garante que as vozes marginalizadas sejam ouvidas e reconhecidas. Esse processo de preservação e ressignificação cultural não apenas enriquece a memória coletiva, mas também atua como um meio de resistência, proporcionando a oportunidade de refletir criticamente sobre o passado e de se construir um futuro mais justo e inclusivo, onde as histórias de opressão se transformem em marcos de expressão cultural e transformação social.

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Publicado

2025-07-11