ENTRE O REAL E O FICCIONAL - UMA LEITURA DE HISTÓRIAS QUE OS JORNAIS NÃO CONTAM, DE MOACYR SCLIAR
Palavras-chave:
leitura, letramento, literário, intertextualidade, interdiscursividadeResumo
A leitura literária ainda é utilizada nas escolas apenas como auxiliar no reconhecimento de características linguísticas e ensino de aspectos básicos de leitura e escrita para um estudante, ou seja, apenas ler e escrever coerentemente. Contudo, é possível ainda usufruir de muito mais conhecimento a partir da leitura de uma obra literária, tornando-se proeminente usá-la para contribuir na formação crítica dos indivíduos. Mesmo diante do avanço da tecnologia e de novas criações nunca imaginadas, o ser humano ainda enfrenta dificuldade de se relacionar com outras pessoas e de compreender os próprios sentimentos. Nessa perspectiva, a literatura serviria com uma função humanizadora, capaz de organizar a visão que se tem do mundo, tornando o leitor mais humano e consciente. A presente pesquisa procura avaliar possíveis contribuições para o letramento literário de jovens adolescentes com a realização da leitura da obra de Moacyr Scliar, Histórias que os jornais não contam, que traz diversas crônicas surpreendentes escritas a partir de notícias inusitadas e permite reflexões acerca da sociedade como um todo e do indivíduo que atua dentro dela. Ademais, é relevante também analisar o estilo e dicção literária apresentados nas narrativas do cronista e refletir sobre interdiscursividade e intertextualidade entre os gêneros textuais apresentados. Para esse fim, realizou-se a leitura e análise crítica da obra que é objeto de estudo desta pesquisa. Primeiramente, foi feito um levantamento de leituras de material teórico, sobre a conceituação de gêneros textuais, a compreensão do gênero literário crônica e material crítico a respeito da leitura literária. Em seguida, analisou-se diferentes crônicas da obra para reflexão sobre como a diversidade temática e construção estilística se apresentam no livro de modo geral. Dessa forma, a obra de Scliar apresentou características instigantes que permitiram refletir tanto sobre aspectos sociais abrangentes quanto sobre as características linguísticas e literárias utilizadas nas crônicas, mobilizando diversos saberes que podem ser bem aproveitados pelos estudantes, seja nas salas de aulas ou em suas casas, com benefícios para o processo educativo e formação de sujeitos críticos. Vale ressaltar que o estudo não tem o objetivo de prescrever nenhuma prática específica como a mais adequada para a leitura literária com jovens, mas sim, abordar reflexões importantes em relação ao desenvolvimento social, acadêmico e cognitivo que são alcançados pela leitura de obras como Histórias que os jornais não contam e divulgar os conhecimentos do valor de um livro para as escolas garantindo o direito de todos à leitura. Scliar conseguiu proporcionar uma leitura muito interessante com seu incrível talento de misturar a realidade e a imaginação e, ao mesmo tempo, tocar em temas importantes para serem refletidos. Mas tudo isso sem perder a leveza e o humor. A obra do autor gaúcho transforma vidas e desenvolve mentes preparadas para lidar com o futuro conquistando seus direitos e fazendo a diferença no mundo. A difusão desse livro, com relevantes temas sobre a sociedade atual, mobilização ampla de categorias linguísticas e literárias, bem como a presença do bom humor, abre portas para o desenvolvimento do hábito de leitura nos jovens.