AS MULHERES E O PENSAMENTO FILOSÓFICO

Autores

  • Bruna Walker Silva Melo
  • Marisa Alves Vento

Palavras-chave:

mulher, invisibilidade, filosofia, patriarcado

Resumo

As mulheres filósofas do passado não deixaram obras escritas, poucas fontes existem sobre filósofas da Antiguidade até o período moderno, e as que chegaram até nós, porque foram mencionadas por alguns historiadores da filosofia, ainda continuam desconhecidas, invisíveis nos meios escolares e até acadêmicos. Desse modo, esta pesquisa teve como objetivo investigar as referências sobre algumas dessas mulheres intelectuais, buscando informações sobre as suas contribuições intelectuais. Além de investigar os contextos nos quais essas mulheres viveram, na tentativa de perceber as causas dessa invisibilidade. No percurso do estudo enfatizamos a estrutura social patriarcal, fator que nos pareceu preponderante nessa história de apagamento da intelectualidade feminina, bem como nos orientamos pelos estudos de pensadoras como Simone de Beauvoir, Mary Ellen Waith, Gerda Lerner e bell hoocks cujos estudos e engajamento muito contribuíram na luta contra a estrutura patriarcal da sociedade. As mulheres filósofas da Antiguidade somente são conhecidas por citações de homens de sua época. Diotima de Mantineia, que é citada por Platão em seu diálogo, O banquete, onde debatem sobre o amor (Eros). Sócrates, ao tomar a palavra, afirma que tudo o que ele sabia e poderia dizer sobre o assunto, aprendera com Diotima de Mantineia, a mulher a quem ele chama de mestra. O saber de Diotima rendeu, inclusive, por parte de alguns historiadores da filosofia, questionamentos sobre a sua existência real. Afinal, como uma mulher teria o poder de ensinar um assunto a um homem naquela época? Outras mulheres da Antiguidade não receberam reconhecimento e pouco delas se conheceram. Já no período contemporâneo, intelectuais como Simone de Beauvoir (1908-1986, França), foi uma das primeiras mulheres a abordar o existencialismo e falar da emancipação feminina. Em sua obra O Segundo Sexo, somos levados a perceber como a estrutura social do patriarcado influenciará diretamente na participação da mulher no mundo público/político, independentemente da sua raça ou classe social. Outras filósofas, infelizmente pouco divulgadas e conhecidas, ergueram sua voz somando-se à luta contra a dominação masculina. Gerda Lener, mostra a resiliência e a capacidade de adaptação da ideia de inferioridade da mulher, mesmo quando o argumento religioso perde força, a partir do século XIX, e  torna-se “científica” quando teorias darwinistas afirmam as teses da sobrevivência do mais forte. A filósofa Mary Ellen Waith, autora de History of Women Philosophers, afirma que grande parte do que se perdeu em relação aos textos de produção feminina ocorreu porque foi ignorada por historiadores homens, causando a invisibilidade ou apagamento das mulheres filósofas. Segundo ela, “um grupo de historiadores misóginos assumiram que os escritos, quando fossem de autoria feminina, não poderiam ser interessantes”. Neste sentido, o ativismo de bell hoocks, leva-nos a compreender que o apagamento dessas mulheres não foi um simples equívoco, foi um ato ativo inerente à visão de mundo própria da mentalidade que privilegia o masculino e inferioriza o feminino e, por esta razão, mulheres e homens devem se tornar feministas, conscientes da mentalidade patriarcal que predominou até aqui, e que ainda continua entranhada nas diversas estruturas sociais.

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Publicado

2025-07-11