BIOSSÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE AgNPs A PARTIR DE EXTRATOS DA GUAZUMA ULMIFOLIA LAM (MUTAMBA)
Keywords:
Nanotecnologia, Síntese Verde, nanopartículas de prataAbstract
A nanotecnologia é uma ciência que produz e aplica materiais metálicos em escala nanométrica 1-100 nm nas áreas físicas, químicas e biológicas dependendo de suas características e funções. Esses nanomateriais, mais conhecidos como nanopartículas metálicas (NPs), tem sua atratividade devido a suas propriedades. Contudo, seu preparo se dá por métodos prejudiciais à saúde humana, animal e ambiental. Uma alternativa é a síntese verde de NPs que tem como objetivo reduzir e minimizar os impactos provocados pelos processos estabelecidos na indústria, mostrando alternativas que visam a eco amizade. Nesse contexto, foi selecionada como material para redução da prata iônica, a Guazuma Ulmifolia Lam pertencente à família Malvaceae, conhecida como mutamba e encontrada no Cerrado. Estudos fitoquímicos indicam a presença de compostos antioxidantes encontrados nas folhas, cascas, raízes, frutos, caules e flores. Esse trabalho teve como objetivo, sintetizar AgNPs a partir dos extratos aquosos e hidroalcóolicos das folhas e casca da mutamba, caracterizar o material vegetal, avaliar da presença de taninos, saponinas nos extratos e a quantificar os compostos fenólicos. Os materiais vegetais foram limpos, secos, triturados e submetidos a teste de teor de umidade, cinzas totais e granulometria. Os extratos aquosos foram preparados por decocção para as cascas (EAC), infusão para as folhas (EAF) e os extratos hidroalcóolicos das cascas (EHAC) e das folhas (EHAF) utilizando Extrator-Soxhlet (mistura 1:1 de água-e-etanol PA). Foram realizados teste de taninos e saponinas e quantificação fenóis totais pelo método Folin-Ciocalteau usando a curva de calibração de ácido gálico y= 0,006482x+0,01783 e R²= 0,9999. As AgNPs foram sintetizadas utilizando 5 mL de extrato bruto (pH ajustado para 8,0) seguida da adição de 5 mL de solução de AgNO3, a mistura foi levada para a incubadora shaker por 24 horas a 50°C sob agitação contínua de 200 rpm. Foram testadas várias concentrações de AgNO3, 1,0; 1,5; 2,5 e 4,0 mmol/L. As reações foram acompanhadas por UV-vis. O potencial zeta foi feito com as AgNPs sintetizadas com 4,0 mmol/L de AgNO3. Os testes de granulometria indicaram que o material vegetal é um pó semifino. O teor de cinzas totais encontrado para as cascas e folhas foi 5,454±0,028% e 7,4173±0,086%; para cinzas insolúveis em ácido, 0,0033±0,0011% e 0,0046±0,0002%; e o teor de umidade, 6,283±0,083% e 8,460±0,068%. Os testes fitoquímicos indicaram a presença taninos hidrolisáveis ou gálicos para os EAF e EHAF e taninos condensados ou catéquicos para os EAC e EHSC. As saponinas, foram observadas somente nos EAC e EAF. Os valores de polifenóis-totais foi de 5,316 ±0,145 mg.EAG/g.L EAC; 4,234±0,083 mg.EAG/g.L para EHAC; 0,529±0,041 EAF e 0,510±0,006 mg.EAG/g.L EHAF. Em relação ao potencial zeta (PZ) as análises indicaram a formação de nanopartículas com estabilidade moderada, exceto para o EHAF (-16,71±0,679 mV). O tamanho das AgNPs foi variado sendo observado nanopartículas pequenas (7,801±0,897 nm) para EHAC e nanopartículas grandes 415,3±28,56 nm para o EAF. Quanto ao indice de dispersão o melhor resultado foi para as AgNPs do EAC (0,29±0,01). Estes estudos demonstram o potencial dos extratos das folhas e da casca da mutamba para produção de AgNps.