O MOVIMENTO NEGRO E OS PARTIDOS DE ESQUERDA NO BRASIL: RELAÇÕES E CONTRADIÇÕES NA DÉCADA DE 1980

Autores

  • Tiago Neto da Silva
  • Yangley Adriano Marinho

Palavras-chave:

Movimento Negro, Esquerda, Novos Movimentos Sociais, Interseccionalidade

Resumo

 O trabalho procura desenvolver uma reflexão acerca das relações estabelecidas entre o Movimento Negro no Brasil — aqui entendido como uma pluralidade de grupos, sujeitos coletivos, não necessariamente reunidos em uma mesma organização e/ou compartilhando das mesmas estratégias de resistência — e certas agremiações partidárias de esquerda, mormente o Partido dos Trabalhadores (PT), ao longo da década de 1980. Em nosso itinerário de discussão, objetivamos analisar a trajetória histórica do Movimento em questão, conceituando a suas especificidades, bem como a dos chamados Novos Movimentos Sociais, os quais, no período analisado, passaram a se ancorar em outras perspectivas e pautas de luta que não naquelas consideradas como mais tradicionais dentro da esquerda, no país. Em termos metodológicos, procuramos nos apoiar em um aporte bibliográfico, o qual demonstrou que, os movimentos sociais, e, mais especificamente o Movimento Negro, não estavam/estão apenas voltados para si mesmos, desenvolvendo, em outro sentido, embates, negociações com agentes, instituições de Estado e agremiações partidárias do campo da esquerda. Nesse percurso analítico, pudemos identificar a importância da atuação das mulheres negras no âmbito do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial — posteriormente conhecido apenas como Movimento Negro Unificado (MNU). Este fundamental para a introdução da pauta racial na agenda de partidos políticos como o Partido dos Trabalhadores, o qual havia sido criado, justamente com a ativa participação do MNU e outros Movimentos Sociais. À guisa de conclusão, por meio da análise da atuação e produção de Lélia Gonzalez, importante ativista e intelectual brasileira, discutimos as contradições que marcaram a introdução de tal agenda, a saber: de um lado, a ideia segundo a qual classe teria preponderância sobre raça e, de outro, a perspectiva da interseccionalidade entre raça, classe e gênero. Apoiada nessa segunda perspectiva, Gonzalez, bem como boa parte do Movimento Negro, irão denunciar a sociedade e Estado Brasileiro por invisibilizar, silenciar e apagar no espaço e tempo a experiência política do povo negro, no que tange à história oficial, via exclusão, marginalização e outras interdições.

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Publicado

2025-07-11