BILETRAMENTO E AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA POR ESTUDANTES DO IFG
Palavras-chave:
biletramentos, autorregulação da aprendizagem, autoavaliação, práticas linguísticasResumo
Em seu terceiro ano em andamento, esta pesquisa teve por objetivo aprofundar a investigação sobre as práticas linguísticas de biletramento (Hornberger, 2003) em língua inglesa realizadas por estudantes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio (CTIEM) do campus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG). Um dado descoberto no segundo ano da pesquisa foi investigado de maneira exploratória neste terceiro ano do estudo: o de que os estudantes identificados como biletrados, independentemente de seu grau de biletramento, compartilham uma característica em comum, que pode ser caracterizada como uma mentalidade e um comportamento autônomo e automotivado de aquisição, aprendizagem e uso da língua inglesa. Essa mentalidade e comportamento são indicativos de práticas de autorregulação da aprendizagem, termo que designa "o grau em que os aprendizes são metacognitiva, motivacional e comportamentalmente participantes ativos no seu próprio processo de aprendizagem" (Zimmerman, 2008 apud Zimmerman, 1986). A descoberta desta característica comum entre os participantes biletrados levou a equipe de pesquisa a empreender uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório para buscar entender este fenômeno. Para isso, foi utilizada a metodologia de pesquisa conhecida como autoetnografia, na qual "o próprio pesquisador é o objeto da pesquisa" (Paiva, 2019, p. 331). Desta forma, as duas estudantes pesquisadoras passaram a observar a si mesmas como sujeitos de pesquisa, para que pudessem conhecer a autorregulação da aprendizagem por meio da experimentação direta. Neste processo, e sendo orientadas por um dos professores pesquisadores, as estudantes pesquisadoras participaram de sessões de leitura e discussão de textos para aprenderem sobre alguns aspectos teóricos e práticos da autorregulação da aprendizagem de línguas; e em um segundo momento, as estudantes estabeleceram objetivos individuais de aprendizagem autorregulada de língua inglesa. Para colocar esses objetivos em prática, elas elaboraram seus próprios roteiros de aprendizagem, que foram reajustados por elas mesmas em momentos de autoavaliação e discutidos com um dos professores pesquisadores. Como resultado, as estudantes produziram relatos individualizados de aprendizagem autorregulada de língua inglesa que revelam mudanças graduais no modo como elas percebem, exploram e experimentam sua aprendizagem de língua inglesa. As mudanças observadas incluem processos e práticas desenvolvidos por iniciativa das próprias estudantes, incluindo: o estabelecimento de metas individualizadas de aprendizagem de língua inglesa; a escolha de conteúdos, materiais e tarefas de aprendizagem; a realização de reajustes e readequações no planejamento e execução das ações de aprendizagem; a averiguação do progresso da aprendizagem por meio de práticas de autoavaliação; e a adoção de estratégias automotivadoras para lidar com sentimentos de frustração, exercitar a própria resiliência e reconhecer e comemorar os próprios sucessos e a superação de obstáculos em seus processos de aprendizagem. Estes resultados apontam para a possibilidade de que as práticas de autorregulação da aprendizagem possam ser incorporadas às práticas de sala de aula, de modo a promover processos de aprendizagem significativa de língua inglesa para um maior número de estudantes.