LITERATURA NEGRA E SUAS ESCREVIVÊNCIAS: UMA ANÁLISE DO RACISMO SÓCIO-ESTRUTURAL

Autores

  • José Henrique Gouveia Raimundo
  • Rita Rodrigues de Souza
  • Maria Aparecida Rodrigues de Souza

Palavras-chave:

racismo estrutural, sociedade, literatura negra, práticas sociais racistas, escrevivência

Resumo

A presente pesquisa discute, a partir da literatura negra, o racismo estrutural e a desigualdade social na sociedade brasileira. O objetivo principal da pesquisa consistiu em discutir esses fenômenos sociais. A literatura negra vem se constituindo como um campo de estudo da existência da pessoa negra: história e luta. A investigação ocorreu pela da análise de Quarto de despejo (Jesus, 2007) e Canção para ninar menino grande (Evaristo, 2022), livros literários que apresentam características do gênero escrevivência. Essa escolha se deu pela possibilidade de identificação e discussão de práticas sociais naturalizadas em decorrência do racismo estrutural e do patriarcado. Em função das discussões acerca de gênero, classe e raça foram utilizados como método de análise das obras as ferramentas de estudo de interseccionalidade e a análise de conteúdo. A análise dessas obras, à luz do referencial teórico, permitiu considerar como a mulher negra se encontra objetificada, nas relações sociais de gênero, na sociedade capitalista.  A reflexão crítica, mediante os resultados, pode contribuir para uma discussão sobre uma sociedade que trate todos seus constituintes com equidade. Em função da veracidade e similaridade das vivências das autoras, supracitadas, estudou-se a maneira que se manifesta o racismo e como se materializam sequelas de sentimentos denunciadas nas escrevivências. Nas lutas de grupos identificadas nas obras as mulheres negras, pobres e periféricas encontram-se geralmente em desigualdade social. No decorrer da pesquisa, desvelaram-se indicadores de segregação sócio-espacial das autoras em função de sua cor, de seu gênero e/ou de sua classe social. Pôde-se perceber a maneira que na sociedade a vida digna depende da coerência do nascer em classe, raça e gênero privilegiado, pois todos estes marcadores designam poder social.  Quarto de despejo e Canção para ninar menino grande são constituídas por vivências que desvelam o machismo, o racismo estrutural que culminam na desigualdade social. Na primeira obra, pode-se perceber a presença do elemento de alienação pelo trabalho em função da busca incessante pela sobrevivência física e moral. Na segunda, vê-se repetição de comportamentos para reafirmar a soberania do “macho” e, de modo inconsciente, a busca pela superação da imagem do príncipe negro, ser aceito como o é um homem negro.

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Publicado

2025-07-11