NARRATIVAS E CONTRANARRATIVAS NO MUSEU MUNICIPAL PARQUE DA BARONESA: UM CAMPO DE DISPUTAS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
DOI:
https://doi.org/10.59616/cehd.v1i03.318Palavras-chave:
Ensino de história, Museu da Baronesa, Contranarrativa, NarrativaResumo
O presente artigo visa tecer reflexões sobre como o Museu Municipal Parque da Baronesa pode ser usado nos contextos educacionais diversos como um importante instrumento de consolidação de narrativas e criação de contranarrativas sobre a representação das pessoas negras, especificamente durante os séculos XIX e início do século XX, na cidade de Pelotas/RS. Para tanto, usaremos as vitrines criadas pela historiadora Natalia Pinto (2019) para o projeto “Visibilidade do Negro no Museu da Baronesa”, disponíveis no acervo digital do museu e utilizadas em exposições temporárias criadas pela instituição, usando como metodologia a revisão bibliográfica, atrelada ao conceito de consciência histórica, conforme proposta por Jorn Rüsen, no intento de entender de que forma essas narrativas podem contribuir para o entendimento e leitura dos estudantes sobre multiperspectiva histórica.
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