v. 4 n. 2 (2019): Revista Tecnia
Os impasses do tempo atual não se apresentam apenas como sinais de esgotamento da produção científica e acadêmica, em suas duas linguagens, mas como sinais de possibilidades. Cotidianamente, há muita morte e muita vida em ampla diversidade convivendo simultaneamente. A dimensão de caos e de auto-organização nos interpela a um movimento de aproximação entre poesia e ciência no mundo atual. A quebra da visão cartesiana de máquina perfeita, inteiramente determinista, nos coloca no espaço das incertezas, do movimento criador, que é mais constante e promove novas instabilidades e incertezas a cada momento de nosso cotidiano.
Para Morin, “encontramo-nos numa época de transição e de tomada de consciência de uma falta” agravada ou estimulada pelo individualismo que, apesar de permitir as liberdades, autonomia e responsabilidades, coloca todos os seres humanos “na atomização, na solidão e na angústia”. O elemento libertador que pode ser construído a partir dessa reflexão reside na possibilidade de interrogarmos a arte e a ciência sobre sua disponibilidade de caminharem juntas no processo educativo e de pesquisa em que nos envolvemos.