Revista Tecnia

Passados quase quatro anos da Pandemia pela Covid-19 em nosso país, seus efeitos reverberam em fluxos contraditórios. De um lado, o vírus se tornou existência ativa que ameaça vidas aqui e acolá, com certa frequência, desestabilizando nossas rotinas no trabalho e as práticas sociais diversas, como as festividades com alta concentração de pessoas. Mesmo o vírus se mostrando letal, ainda lidamos com o negacionismo da doença e dos tratamentos eficazes, entre eles o mais importante, a vacina. A ciência continua sendo descredibilizada por parcela da sociedade que insiste em negar sua validade pondo-a em confronto com a fé. Fé e ciência, conhecimentos de naturezas diferentes, tornaram-se antagônicos, inimigos. De outro lado, a luta pela preservação da vida em face da doença forjou a emergência de resistências que se manifestaram na arte, na cultura e na produção do conhecimento científico. A ciência, de fundamental importância para desvendar os mistérios da vida que produz morte; a arte, de fundamental importância para manter viva a memória de nossa cultura e nos interpelar acerca de nossa humanidade. A experiência de Darlene, ao aventurar-se na aprendizagem da aquarela no período de isolamento, comprova a vocação humana para a vida, para o mover-se contra a corrente. O que fazer enquanto tudo se mantinha parado? O que fazer diante do horror da morte avassaladora? A arte foi seu escape. Com ela, descobriu uma nova (para ela) maneira de expressar lembranças e reconectar-se com suas raízes. Na sua arte e na sua memória, fé e ciência são encontradas em pacífica convivência. A aquarela que compõe a capa deste número da Tecnia evoca a necessidade de acolhermos com respeito a diversidade da experiência humana traduzida na arte e no conhecimento científico. Por essa razão, a Tecnia tem buscado estabelecer um diálogo entre esses campos do saber na editoração de seus números, desde a elaboração de suas capas, nas quais são apresentadas produções artísticas de nosso patrimônio cultural, à seleção do conteúdo, do qual se requer relevância científica e social. Em que pesem os efeitos negativos da Pandemia, a vida seguiu seu curso. E isso foi possível devido aos avanços da ciência. Neste número da Tecnia, apresentamos dez artigos distribuídos em quatro seções, os quais constituem uma pequena amostra do conhecimento produzido por pesquisadores comprometidos não apenas com a explicação do mundo, mas com a transformação dele em prol da vida digna. Os autores representam dez instituições de educação do país: Instituto Federal de Goiás (IFG); Instituto Federal Goiano (IFGoiano); Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste); Universidade Federal de Alfenas (UFAL); Instituto Federal Santa Catarina (IFSC); Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal do Tocantins (UFT); Universidade de Passo Fundo (UPF); Escola Técnica do Vale do Itajaí (ETEVI); Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET/MG); e uma instituição de Moçambique, país na África Oriental: Instituto Superior Politécnico de Gaza (ISPG).