TERRITÓRIO E POPULISMO DIGITAL: UMA VISÃO CIBERGEOGRÁFICA A PARTIR DO BOLSONARISMO

Territory and digital populism

Autores

DOI:

https://doi.org/10.59616/cehd.v1i4.962

Palavras-chave:

Ciberespaço, Território Digital, Bolsonarismo, Populismo Digital, Extrema-Direita

Resumo

O artigo aborda o nascimento e o crescimento do bolsonarismo nas redes     sociodigitais, assim como sua atuação e articulação política nos espaços virtuais compreendidos, conceitualmente, como ciberespaço e território digital, além do populismo digital e sua relação direta com este movimento. Adotando como recorte temporal o período entre as Jornadas de Junho de 2013 e as eleições presidenciais de 2018, a pesquisa parte, metodologicamente, de um levantamento sistemático da literatura especializada, sobretudo em relação aos descritores “ciberespaço”,” território digital”, “bolsonarismo” e “populismo digital”. A partir do diálogo com a literatura sociodigital e geográfica, identificamos que a figura de Jair Bolsonaro ascende nas redes digitais a partir do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, ganhando visibilidade, por meio do populismo digital, e ampliando sua base eleitoral no ciberespaço, chegando, assim, à presidência da república em 2018.

Biografia do Autor

Breno Rodrigo de Oliveira Alencar , Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará

Professor do Instituto Federal do Pará, Campus Belém. Possui doutorado em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (2019), mestrado em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia (2011) e Graduação em Ciências Sociais com concentração na área de Antropologia pela mesma universidade (2008). Atualmente é coordenador do Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura (NUPEC), Presidente do Comitê Científico Local do IFPA/Campus Belém (gestão 2022-2024) vice-líder do Grupo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Cultura, Educação e Política (GICEP) da mesma instituição, membro do Grupo de Pesquisa Transdisciplinar sobre Corpo, Saúde e Emoções (CORPOSTRANS) com sede na Universidade Federal do Piauí, do Grupo de Pesquisa em Antropologia na Educação Básica e do Conselho Editorial do IFPA. Coordenou os projetos de pesquisa "Educação, cibercultura e mediatização do conhecimento" (2020-2021), "Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) aplicadas ao ensino" (2021-2022) e "O ritual e a cultura do cancelamento no Brasil" (2022-2023) todos com financiamento do CNPq e/ou FAPESPA. Atualmente coordena os projetos de pesquisa "Gênero e poder no ciberespaço", com financiamento do CNPq, e "Ciberespaço e populismo digital" e "Parentesco, política e redes sociais" com financiamento da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do IFPA, e o Projeto de Extensão "Laboratório de Tradução do Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura" (LABTEC). Em sua carreira também já exerceu a função de chefe da Seção de Ciências Humanas (IFPA/Campus Belém, Portaria 2606/2019/GAB), Etnógrafo junto ao Museu Paraense Emílio Goeldi onde atuou como servidor efetivo (2011-2014) e foi Professor Licenciado Pleno de Ciências Sociais da Secretaria de Estado de Educação do Pará (2009-2011) e da Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Prof. "Eidorfe Moreira" (2009-2014), onde atuou como Pesquisador e Orientador de Trabalhos de Conclusão de Curso na área da Educação Ambiental. Entre seus cargos destaca o papel de Fundador e Diretor Executivo da Associação de Professores e Técnicos da Fundação Escola Bosque - APTFEB (2011-2013), Assessor da Direção Geral do IFPA/Campus Belém (2014-2015) e Diretor Geral Pró-Tempore do IFPA/Campus Belém (2015). Em 2021 foi eleito Representante da categoria docente no Conselho Superior do IFPA, cargo exercido até novembro de 2023. Suas áreas de interesse envolvem antropologia social, antropologia digital, sociologia das mídias, história da tecnologia, teoria dos rituais, teoria do parentesco, cibercultura e educação.

Wesley Ribeiro Cantão Silva , Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia pelo Instituto Federal do Pará (IFPA) e atual presidente do Youthmappers, capítulo Belém, no mesmo instituto. Integra o Núcleo de Pesquisa em Educação e Cibercultura (NUPEC) da mesma instituição. Tem experiência em criar, elaborar e desenvolver projetos de pesquisa e extensão, tendo sido bolsista PIBIC voluntário entre 2022 e 2023 no projeto de pesquisa "O ritual e a cultura do cancelamento no Brasil: estudo qualitativo a partir de práticas discursivas na imprensa e na rede social Twitter entre 2018 e 2021", financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Atualmente, está desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado "Ciberespaço e populismo digital: o nascimento e o crescimento do bolsonarismo nas redes sociais entre 2013 e 2022", pelo mesmo núcleo de pesquisa. Ocupa a vaga de cronista/articulista no projeto de extensão "Contando Várias Histórias: Jornal Digital (JD)", vinculado ao mesmo núcleo. No âmbito da docência, foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) de 2022 a 2024. Também está vinculado ao Grupo de Estudos Interdisciplinares em Relações Etnicorraciais - GEIRER. Em relação às linhas de pesquisa, tem concentração em Geografia Política e Eleitoral, Geografia da Internet e do Ciberespaço, Netnografia como metodologia de pesquisa, Geopolítica e Política.

Márcia Sousa França, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

Pesquisadora na área de Dignidade Humana. Buscando novos horizontes para produção e disseminação do conhecimento científico. Disposta a aprender e aberta a outras linhas de pesquisa.

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Publicado

2024-04-29

Como Citar

Alencar , B. R. de O., Silva , W. R. C., & França, M. S. (2024). TERRITÓRIO E POPULISMO DIGITAL: UMA VISÃO CIBERGEOGRÁFICA A PARTIR DO BOLSONARISMO: Territory and digital populism. Convergências: Estudos Em Humanidades Digitais, 1(04), 104–123. https://doi.org/10.59616/cehd.v1i4.962