ENTRE O MONSTRO E O ÍCONE

O FILME QUE INCOMODOU DEMAIS PARA SER ESQUECIDO

Autores

DOI:

10.59616/cehd.v3i9.2731

Palavras-chave:

Corpo político, Cinema mainstream, Freaks, Midnight movies, Tod Browning

Resumo

Este artigo analisa Freaks (1932), de Tod Browning, banido e exibido no circuito exploitation, mais tarde adotado pelas sessões dos Midnight Movies, na década de 1970. Em diálogo com Umberto Eco, Carlo Ginzburg, Rita Segato, Bernd Herzogenrath e Jasbir Puar, a análise articula estética e política para mostrar como o filme expõe os limites da norma, revelando a formação de um imaginário cinematográfico estadunidense vinculado à representação de corpos dissidentes. O estudo acompanha sua reinterpretação nos Midnight Movies e sua influência sobre John Waters, Jim Sharman, David Lynch e Tim Burton, evidenciando permanências e rupturas de um imaginário que atravessou as fronteiras entre o marginal e o mainstream.

Biografia do Autor

Verônica D'Agostino Piqueira, Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo

Verônica D Agostino Piqueira é historiadora, professora e pesquisadora. É doutoranda em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (desde 2025), instituição na qual concluiu o mestrado no mesmo programa (2013). Sua pesquisa atual analisa o cinema autoral de Tod Browning, com foco nas transformações na recepção de sua obra e em sua influência sobre expressões cinematográficas contemporâneas. Atua nas áreas de Educação e História Cultural, com ênfase em História do Cinema e do Audiovisual. É bacharel (2006) e licenciada (2007) em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde também realizou cursos de extensão universitária em Cinema, História e Linguagem (2007), Cinema e Televisão (2008) e Estética e Teoria do Audiovisual (2009). Desenvolve uma prática docente autoral na Educação Básica, especialmente no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, em instituições privadas de São Paulo. Após o período da pandemia, idealizou, implementou e realizou a curadoria de um laboratório de humanidades, com kits educativos, figurinos de época, jogos, mapas, livros e objetos históricos, com o intuito de reintegrar os estudantes às aulas presenciais de forma acolhedora e humanizada. A iniciativa redesenha um paradigma de ensino que centraliza a ludicidade e a pesquisa no ensino de História. Em sala de aula, também utiliza a leitura de imagens como ponto de partida para a reflexão histórica, incentivando uma análise crítica do passado por meio de repertórios visuais que ampliam a compreensão dos conteúdos curriculares. A partir dessas experiências, elabora investigações sobre o ensino de História, com foco em abordagens que valorizam a diversidade de olhares e a renovação dos recursos didáticos. 

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Publicado

2025-12-20

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Como Citar

PIQUEIRA, Verônica D’Agostino. ENTRE O MONSTRO E O ÍCONE: O FILME QUE INCOMODOU DEMAIS PARA SER ESQUECIDO. Convergências: estudos em Humanidades Digitais, [S. l.], v. 3, n. 9, p. 224–256, 2025. DOI: 10.59616/cehd.v3i9.2731. Disponível em: https://periodicos.ifg.edu.br/cehd/article/view/2731. Acesso em: 21 dez. 2025.

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