Os clássicos e a pedagogia históricocrítica: considerações a partir de contos de Caio Fernando Abreu
DOI:
https://doi.org/10.56762/tecnia.v9i1.864Keywords:
Clássicos, Pedagogia histórico-crítica, Caio Fernando Abreu, Prática socialAbstract
Discute-se neste artigo a proposta da pedagogia histórico-crítica, cunhada por Demerval Saviani (2008), que privilegia a leitura dos clássicos como um método de ensino que possibilita a superação da realidade imediata e a elevação das classes oprimidas em sua condição de subalternidade. Para isso, fez-se necessária a leitura atenta sobre as considerações do autor a respeito do conceito de clássico a partir da matriz marxista de onde ecoa a compreensão de Saviani (2008). Desta maneira, tornou-se imperativo dialogar com outros conceitos largamente discutidos na seara literária sobre o clássico, tais como aqueles que ressoam de T. S. Eliot (1945), Terry Eagleton (2006), Sainte Beuve (1850), Ítalo Calvino (2007) e Borges (1999), para que se pudesse minimamente compreender se a pedagogia histórico-crítica se afilia a algumas dessas teorias do campo da crítica literária que vem sendo discutida ao longo dos séculos. Feito isso, o presente trabalho adota a análise da obra de Caio Fernando Abreu para tentar verificar se sua produção, conforme a perspectiva da PHC, seria um clássico suficientemente potente para contribuir com a elevação intelectual das massas (GRAMSCI, 1981) e criar rupturas nas esferas de poder, que fomentassem a mudança da prática social dos indivíduos. Conclui-se que a literatura clássica é um importante vetor para compreender a história a contrapelo, mas que nem sempre o simples fato de privilegiá-la no ambiente escolar será o caminho mais eficaz para a conscientização da classe oprimida.
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