O desafio da emancipação intelectual na Educação Profissional e Tecnológica

Autores

  • Suzana Lopes de Albuquerque Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
  • Cláudia Helena dos Santos Araújo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
  • Dayanna Pereira dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
  • Lidiane de Lemos Soares Pereira Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)
  • Maria Carolina Terra Heberlein Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Palavras-chave:

Emancipação Intelectual, EPT, Joseph Jacotot, O Mestre Ignorante

Resumo

O presente artigo aborda aspectos do desafio da emancipação intelectual na Educação Profissional e Tecnológica a partir das cinco lições sobre a emancipação intelectual propostas por Jacques Rancière em O mestre ignorante. Nessa obra, Rancière apresenta a aventura intelectual do filósofo francês Joseph Jacotot, que, quando regressou à França após o fim da Revolução de 1830, propagou um método de ensino fundamentado na “emancipação intelectual” dos envolvidos no campo educativo. Com base nesse método, este trabalho visa relacionar seus princípios filosóficos à realidade da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no Brasil, observando que a igualdade das inteligências, defendida por Jacotot, é constitutiva da formação de uma humanidade intelectualmente emancipada e autônoma. Neste artigo, são analisadas as matrizes históricas dessa modalidade educacional, a partir de uma breve perspectiva histórica, realizada com o objetivo de conhecer seus processos produtivos inscritos na sua “totalidade”, para além da dualidade entre formação específica e formação geral, em busca da omnilateralidade do ser humano. Por meio do resgate da memória da Educação Profissional e Tecnológica no país, intentamos evocar o princípio da filosofia da emancipação intelectual de Jacotot, como apresentada por Rancière. A partir da premissa da filosofia panecástica de que “tudo está em tudo”, propomos uma tomada de consciência da emancipação como princípio educativo e discutimos a importância de ser um “mestre ignorante” a fim de se alcançar, em alguma medida, a tão almejada emancipação.

Biografia do Autor

Suzana Lopes de Albuquerque, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás - UFG (2006), Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL (2013), Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo - USP (2019), na linha de pesquisa História da Educação e Historiografia e Pós Doutorado em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2022). É Professora da área de Educação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, no câmpus Goiânia Oeste com projeto de pesquisa e extensão cadastrados. É docente no Programa de Mestrado em Educação do IFG, câmpus Goiânia.Tem experiência na área de Educação, com ênfase em História e Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: Formação e profissionalização docente, concepção de infância, métodos de ensino e aprendizagem. Atualmente é sócia da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e sócia da Associação Brasileira de Alfabetização (ABALF). É membro do Grupo de Estudos e Pesquisas História e historiografia das ideias e dos intelectuais da educação (USP) e do Núcleo de Estudos de Filosofias e Infância (NEFI - UERJ). É líder do Grupo de Estudos e Pesquisas Panecástica - Homem, Trabalho e Educação Profissional Tecnológica (IFG). Site: http://pesquisa.ifg.edu.br/panecastica/ Instagram: @panecasticaifg

Cláudia Helena dos Santos Araújo, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2012). Pós-doutora em Estudos Culturais pela UFRJ (2020). Mestre em Educação (2008). Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás (2001) e especialização em Metodologia do Ensino Superior, pela mesma universidade (2005). É associada na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação/ANPEd. Sócia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) e Pesquisadora. Atua no Programa de Pós-Graduação - Mestrado Acadêmico em Educação do IFG, na linha de pesquisa: Teorias Educacionais e Práticas Pedagógicas; e no Mestrado Profissional em rede em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Tem experiência na área de Educação, Ensino e Formação de Professores, com ênfase em Educação e Tecnologia, Educação Profissional e Tecnológica, Teorias da Educação e Processos Pedagógicos, Educação Básica e Superior, Educação a Distância, Didática e Formação de Professores. Membra do Kadjót - grupo de estudos entre tecnologias e educação. Membra e vice-líder do Núcleo de Pesquisas e Estudos na Formação Docente e Educação Ambiental (NUPEDEA).

Dayanna Pereira dos Santos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Goiás (2018). Pós-doutora em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2023). Mestre em Educação (2011). Possui graduação em Pedagogia (2003) e especialização em Métodos e Técnicas de Ensino (2005). Psicanalista - EPG. É associada na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação/ANPEd. Sócia da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) e Pesquisadora. Atua no Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em rede em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Tem experiência na área de Educação, Ensino e Formação de Professores, com ênfase em Educação Profissional e Tecnológica, Formação de Professores e Diversidade em Inclusão. Formação em Psicanálise e pesquisadora na área com ênfase na intersecção entre os campos da Psicanálise e da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: constituição psíquica, infância e adolescência, inclusão escolar , mal-estar da educação. Membra e Vice-líder do Panecástica - grupo de estudos sobre o homem, o trabalho e a educação profissional e tecnológica - CNPQ/IFG . Membra do Entraste (UFG) Fundamentos litorais entre linguagem, psicanálise e educação.

Lidiane de Lemos Soares Pereira, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

Doutora em Química com ênfase em Ensino de Química e Mestre em Educação em Ciências e Matemática, ambos pela Universidade Federal de Goiás, Licenciada em Química pela Universidade Estadual de Goiás. Atualmente é Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Anápolis e membro do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas - NAPNE do mesmo campus. Está enquadrada como Pesquisadora na Rede Goiana de Pesquisa em Educação Especial/Inclusiva, no Panecástica - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Homem, o Trabalho e a Educação Profissional Tecnológica (IFG-Anápolis) e no Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão (UFG). Atua com pesquisas em temas como Formação Inicial e Continuada de professores de Ciências/Química; Educação Inclusiva no Ensino de Ciências/Química e Ensino de Química para Surdos.

Maria Carolina Terra Heberlein, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)

É graduada em Letras (Português/Inglês) (2007), Mestre (2010) e Doutora (2020) em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás. Pesquisa sobre questões relacionadas à Educação de Jovens e Adultos (EJA) no contexto da Educação Profissional e Tecnológica. É professora efetiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) ? câmpus Anápolis. Leciona Língua Portuguesa e Língua Inglesa. É professora de Língua Inglesa desde 2003. Participou do programa Fulbright (FLTA) como professora assistente na Universidade de Iowa, E.U.A. em 2008/2009. Foi representante de Relações Internacionais no câmpus Anápolis de novembro de 2015 a julho de 2017 e de novembro de 2020 a fevereiro de 2023. Foi Coordenadora do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Edificações (IFG) (março de 2021 a fevereiro de 2023). Atualmente, é membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Panecástica - Homem, Trabalho e Educação Profissional Tecnológica (IFG) e Coordenadora de Relações Internacionais do IFG.

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Publicado

28.12.2018

Como Citar

Lopes de Albuquerque, S., Helena dos Santos Araújo, C., Pereira dos Santos, D., de Lemos Soares Pereira, L., & Carolina Terra Heberlein, M. (2018). O desafio da emancipação intelectual na Educação Profissional e Tecnológica. Revista Tecnia, 3(2), 13–32. Recuperado de https://periodicos.ifg.edu.br/tecnia/article/view/910

Edição

Seção

Educação e Ensino